
O impacto do horário do dia no qual o treinamento de força é realizado tem sido tema de estudo na medicina esportiva para entender como variações circadianas podem influenciar as adaptações musculares e de força. Estudos recentes abordam essa questão, investigando se o treinamento matutino ou vespertino oferece vantagens específicas em termos de hipertrofia e força muscular, bem como as adaptações moleculares e hormonais associadas.
Os estudos de Sedliak et al. e Grgic et al. examinaram os efeitos do treinamento de força em horários específicos (manhã e tarde) em homens não treinados. Sedliak et al. (2017) aprofundaram ainda mais, explorando as adaptações morfológicas, moleculares e hormonais, incluindo a análise de biópsias musculares e concentração hormonal antes e depois do treinamento. Hayes et al. (2010) focaram na influência dos ritmos circadianos nas respostas hormonais ao treinamento de resistência, especialmente cortisol e testosterona.
– Força Muscular: Os resultados foram consistentes entre os estudos, indicando que o treinamento em ambos os períodos leva a aumentos significativos na força muscular. No estudo de Sedliak et al. (2009), ambos os grupos de treinamento apresentaram melhorias significativas na força isométrica máxima e no teste de 1RM. A meta-análise de Grgic et al. sugeriu uma leve vantagem para o treinamento vespertino em termos de ganhos de força, mas sem significância estatística.
– Adaptações Moleculares e Hormonais: Sedliak et al. (2017) observaram que as adaptações em algumas vias de sinalização celular podem ser dependentes do horário do dia. A fosforilação de p70S6K aumentou significativamente no grupo da manhã após o período de treinamento, mas não no grupo da tarde. No entanto, a maioria das vias de sinalização e concentrações hormonais (testosterona e cortisol) não apresentaram diferenças significativas entre os grupos. Hayes et al. (2010) destacaram que a concentração de testosterona é maior pela manhã, enquanto o cortisol, que também é mais alto pela manhã, pode neutralizar os efeitos anabólicos da testosterona devido à sua função catabólica. Além disso, a resposta da testosterona ao exercício é mais acentuada à tarde, sugerindo uma maior responsividade do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal neste período.
A escolha do horário para o treinamento de força pode ser baseada na conveniência pessoal e preferência, sem prejuízo aos resultados de hipertrofia e força. Esta flexibilidade permite que os praticantes ajustem seus treinos conforme suas preferências e horários disponíveis, facilitando a adesão ao programa de exercícios. No entanto, considerando a maior resposta da testosterona ao exercício vespertino, pode haver uma ligeira vantagem para o treinamento realizado à tarde, especialmente em termos de maximizar a resposta anabólica e minimizar os efeitos catabólicos do cortisol.
Referências:
– SEDLIAK, Milan; FINNI, Taija; CHENG, Sulin; LIND, Markus; HÄKKINEN, Keijo. Effect of time-of-day-specific strength training on muscle hypertrophy in men. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 23, n. 9, p. 2439-2445, 2009.
– GRGIC, Jozo; LAZINICA, Bruno; GAROFOLINI, Alessandro; SCHOENFELD, Brad J.; SANER, Nicholas J.; MIKULIC, Pavle. The effects of time of day-specific resistance training on adaptations in skeletal muscle hypertrophy and muscle strength: A systematic review and meta-analysis. Chronobiology International, v. 36, n. 4, p. 449-460, 2019.
– SEDLIAK, Milan; FINNI, Taija; CHENG, Sulin; HÄKKINEN, Keijo. Morphological, molecular and hormonal adaptations to early morning versus afternoon resistance training. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 49, n. 7, p. 1555-1568, 2017.
– HAYES, Lawrence D.; BICKERSTAFF, Gordon F.; BAKER, Julien S. Interactions of cortisol, testosterone, and resistance training: Influence of circadian rhythms. Chronobiology International, v. 27, n. 4, p. 675-705, 2010.
O Dr. Leonard Fantini é um renomado especialista em Cardiologia e Medicina Esportiva, com vasta experiência no cuidado de pacientes de todas as idades e níveis de atividade física.
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